quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Nara: musa além da bossa




Sempre que ouvimos falar em Nara Leão, associamos prontamente à sua imagem de "musa da bossa-nova". É bem verdade que Nara, em parte, representa bem a essência desse ritmo que recebe influência do samba e do jazz. Além da timidez e da impostação vocal suave, Nara era uma moça de clásse média que morava em Copacabana. Entretanto, a vida e a carreira de Nara vão muito além disso.





Após um tempo de convivência com os grandes nomes da bossa, mas sem ter gravado nenhum disco, Nara conheceu, por meio de Carlos Lyra um lado mais participativo, realista e protestante da música. "Eu descobri que havia morro, descobri que haviam problemas, descobri que existiam pessoas pobres...". Esse período de descoberta coincidiu com a época em que ela decidiu gravar seu primeiro disco, ou seja, o momento em que ela não queria mais ser associada à bossa-nova. Em 1963, Nara teve toda liberdade para escolher seu repertório na gravadora de Aloysio de Oliveira, a Elenco, e aproveitou para gravar Cartola, Nelson Cavaquinho e Baden Powell nesse disco de nome "Nara" lançado em 1964. Na época, Nara chegou a criticar severamente a bossa nova em entrevistas e ela, até então musca absoluta do gênero, surpreendeu a todos. Vem desse primeiro disco o sucesso "Diz que fui por aí".



Ainda em 1964, Nara lançou o disco Opinião que originou o show homônimo dirigido por Augusto Boal. No show-protesto ela canta e contracena com João do Vale e Zé Ketti. O show, é claro, foi considerado subversivo. Após esse período, Nara continuou flertando com o samba de morro e marcou presença nos festivais como uma intérprete da recém surgida MPB, período em que ela gravou seu maior sucesso: A Banda de Chico Buarque, vencedora do Festival da Record de 1966.

Em 1967, Nara participou do disco Tropicália com a faixa Lindonéia encomendada por ela. "Eu não fiz parte do movimento, propriamente, mas endossei porque achei do maior talento".
                                


                               
Nara só viria a gravar bossa nova em 1971 no disco "Dez Anos Depois" e contou "Eu percebi que podia cantar os problemas, mas também poderia cantar o amor, o sorriso e a flor". Depois disso Nara gravou discos com uma grande variedade de gêneros. Voltou a gravar, samba, gravou mais bossa nova e MPB além de versões de grandes clássicos estrangeiros.




Contudo, Nara Leão é musa, mas musa além da bossa.



Quer ouvir uma playlist com um panorama da trajetória de Nara além da bossa? 
Vem: https://open.spotify.com/user/12160904167/playlist/64SKAnqlD5lPDLIWuOMm22

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